A manufatura enxuta, desenvolvida no Japão pela Toyota no cenário pós-guerra, foi populatizada pelo trabalho de Womack, Jones e Roos em 1990, intitulado "A máquina que mudou o mundo". Na sua essência, manufatura enxuta é um meio pelo qual os processos de negócios são organizados de forma a oferecer produtos com maior variedade e qualidade superior, utilizando menos recursos e em tempo menor do que pode ser alcançado por método de produção em massa.
Implantar os princípios e ferramentas de lean manufacturing nos processos produtivos de médio a alto volume e baixo a médio mix de produtos deixou de ser um grande desafio. A popularização da filosofia chegou a um ponto que muitas empresas, cobrindo um amplo espectro de tamanho e complexidade, estão perguntando: Será a manufatura enxuta relevante para nós e, em caso afirmativo, quais os princípios que podemos aplicar diretamente e que podemos adaptar para atender às nossas circunstâncias?
Neste contexto, surge um grande desafio: as empresas que produzem sob encomenda, ou seja, usam a tipologia de produção Make-To-Orde (MTO), com baixo volume e alto mix de produtos. As ferramentas e principios do lean dificilmente funcionam sem adaptação nesses casos, sendo assim, são necessárias soluções que levem em consideração este contexto variável.
Muitos estudos e aplicações já comprovaram a relevância do lean nesses ambientes instáveis, com exemplos bem sucedidos em fabricação de aeronaves, remanufatura de peças de navios, fabricação de palhetas de turbinas de hidroelétricas, fabricação de equipamentos industriais (bens de transformação) tais como pontes rolantes, etc.
O segredo da aplicação do lean em ambientes MTO está na adaptação de suas ferramentas. Nas empresas MTO, os desperdícios acontecem frequentemente em decorrência da falta de sincronismo entre as áreas. A falta de sincronismo gera esperas, informações paradas, projetos na área de engenharia empacados, atrasando os pedidos no departamento de compras, acarretando em excesso de estoques na área fabril.
Para reduzir estes desperdicios tipicos, a aplicação do lean deve ter foco na criação de flexibilidade nos recursos e controle das variações quando e onde for possível. Para isso, a aplicação de células de trabalho e de trabalho padri]onizado nesse ambiente ajuda a construir limites sobre as fontes de variação. Como o ambiente é instável, a padronização dos processos não deve ser altamente detalhada, somente o suficiente para prover flexibilidade ao processo. A equipe de produção deve ser altamente treinada, porém não especializada, com alto grau de conhecimento para realizar trabalhos que variam ao longo do tempo. Sugere-se também o uso de buffers (estoque amortecedores) de recursos estrategicamente posicionados, de ferramentas, materiais e mão-de-obra. As irregularidades do processo devem ser alertadas por meio da gestão visual, inspirando a melhoria contínua dos processos.
Outras ferramentas da manufatura enxuta podem ser aplicadas, como a troca rápida de ferramentas (TRF) ou set-up rápido, o que viabiliza a redução dos lotes de produção e a criação de um fluxo contínuo. Vale ressaltar que projeto de produtos modulares - aqueles no qual o projeto de peças e subsistemas tolera nível aceitável de redundância e permitem modularidade - é um fator chave para o sucesso do lean MTO, quando possível sua aplicação. Projetos modulares podem reduzir estoques ao amortecer variações, aumentam volume de compra por material, o que pode resultar em preços menores e relação de parceria com fornecedores, facilidade em padronização dos processos, uso do leiaute celular, dentre outros.
E ainda, vale lembrar que a implantação do lean, seja em ambiente complexo ou estáveis, deve ser um processo planejado e contínuo. Para isso, medidas de desempenho podem e devem ser utilizadas como termômetros da eficiência da empresa. Indicadores como: utilização de espaço, tempos de set-up, OTIF (entregas On Time In Full), dentre outras são importantes mecanismos de controle e servem como base para tomadas de decisão. Para estes controles ficarem mais efetivos o uso da Gestão Visual é essencial uma vez que torna claro a todos onde estão os problemas assim como auxilia no acompanhamento de ações, projetos, indicadores, etc.
Por fim, é importante salientar que não há solução padrão para problemas específicos. Cada empresa tem sua realidade, e os princípios e ferramentas do lean devem ser adaptados a cada necessidade. A dica é pensar enxuto, produzir valor em processos contínuos e, a cada dia, buscar uma melhor forma de atender o cliente.
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- Rodolfo de Lucena
- São Paulo, SP/SP, Brazil
- 12 anos de experiência profissional na área comercial em vendas consultivas. Uso da metodologia de vendas – Solution Selling (Necessidade Latente, Necessidade Ativa e Visão da solução) Forte atuação na abertura de novos negócios, elaboração e defesa de propostas comerciais e técnicas (tanto serviços com software
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